Empresa de componentes de calçado protege todos os seus modelos e tem processos em cinco países.
Na Atlanta Componentes de Calçado, os novos produtos são apresentados aos clientes na própria fábrica, na Lixa.
“É uma medida de protecção adicional contras cópias dos nossos modelos antes mesmo de serem comercializados no mercado”, explica Joana Meireles, administradora da maior fabrica de solas da Península Ibérica e uma das maiores da Europa.
É a quarta fase de um processo de defesa das inovações internas que começou em 2004, quando a Atlanta deixou de participar em feiras com expositor própria por causa das copias “ate tiravam fotografias e roubavam as solas expostas”, diz.
Durante uns tempos, a empresa ainda participou com stands fechados, só para convidados, mas a medida revelou-se polémica entre os visitante e, na etapa seguinte, a Atlanta decidiu fazer a apresentação dos novos modelos num hotel, uma solução que evoluiu até ao modelo actual, em que os clientes visitam a própria empresa, “onde tudo acontece”.
Com uma capacidade de produção de 20 mil solas por dia, para um volume de negócios de €5 milhões, 98% do qual na exportação, a Atlanta trabalha com marcas como a Hush Puppies, Marlboro, Lefties, Pataugas, Inditex e Gabor e receia que “os clientes possam pensar que a própria empresa está, de alguma forma, por trás das felicidades”.
O risco é maior quando estão em causa soluções consideradas inovadoras. Internamente, a atlanta tem 6 pessoas a trabalhar a tempo inteiro na área de inovação e design, no total de 55 postos de trabalho directos. Mas este contingente é reforçado com equipas subcontratadas nos segmentos dos moldes, borrachas e acabamentos. “São microempresas que trabalham em exclusivo para nós”, explica Joana Meireles, a preparar lançamento de uma nova unidade de pré-fabricação de solas com um sistema de montagem diferente e mais doces trabalhadores.
Ir para Espanha?
As vendas, que têm vindo a crescer nos últimos anos devem aumentar mais 15% em 2011, “devido a uma arte para esta nova unidade”, mas as coisas estão longe de correr sobre rodas e, nos últimos tempos, a administração tem equacionado a hipótese de “abandonar Portugal” deslocar-se a produção para Espanha.
Porque? ”Simplesmente porque a defesa de propriedade industrial em Espanha funciona melhor”, diz Joana Meireles. Na verdade, a empresa já escreveu a APICCAPS – Associação dos industriais do Calçado, ao governo e á ASAE – Autoridade de segurança alimentar e económica, dando conta das suas preocupações sobre a defesa dos direitos da propriedade industrial no país.
Habituada a gastar 30% do seu orçamento no desenvolvimento de soluções inovadoras como um sapato ortopédico que favorece uma postura correctiva, a Atlanta tem neste momento processos em curso em Espanha, Portugal, Alemanha, França e Holanda para defender as suas solas contra cópias internacionais e não hesita em dizer que “esta mais protegida lá fora”.
Recordista nacional no registo de direitos a nível Europeu no OHM – Instituição de Harmonização do Mercado Internacional, onde soma 1015 modelos activos ou 25% no total nacional, dos mesmos exemplos concretos das diferenças na Península Ibérica nesta área.
Em 2008, quando viu os sapatos que incorporavam uma cópia de uma das suas solas á venda em Portugal e Espanha, apresentou queixas nos dois países. “Em Espanha, as autoridades locais apreenderam de imediato, 61 mil pares. Em Portugal, as autoridades demoraram quase 1 ano a intervir e acabaram por apreender apenas 7 pares”, refere. “Em 2009, apresentamos outra queixa em Portugal e só agora fomos notificados para sermos ouvidos”. Quando estão em causa artigos de moda, “o efeito útil destas intervenções está obviamente perdido”, comenta. M.C.
“Deixámos de expor em feiras por causa das cópias. Até tiravam fotografias e roubavam as solas postas”, diz Joana Meireles.
Fonte: Noticia Jornal Expresso